MINE_IRA
mine (pronoun) : that which belongs to me
mine (noun) : a pit or excavation in the earth from which mineral substances are taken
Texto em Português disponível abaixo.
Using my family’s archive and images of my own childhood I started to play with words - “mine” as a noun, and a possessive pronoun. But these two words quickly signified only one thing: that which is taken without permission.
Once defined as a mine the terrain is subjugated to desecration and exploitation. No better symbol to such acts than “Serra Curral Del Rey” - a mountain ridge in the brazilian state of Minas Gerais which corralled and gently embraced my existence and that of the inhabitants of my hometown of Belo Horizonte as I grew up.
I traced its slopes from memory, as I’ve seen it through my child-eyes. The mountain is drawn over each photo - it’s by my feet when it was in front of me; above my head when behind me, and sometimes so close by my side, I could touch it.
In this work the drawn ridge becomes a revealing layer - from negative to positive - bringing into light the hidden secrets of the mountain and that of my body - we were both continually corrupted and pillaged, we were both being abused. The mountain was consistently carved by the noun “mine”, and my innocence continually taken as a pronoun. “You are mine”, said an adult to a child. Not in words but in repetitive acts. Little by little we sustained devastation and loss while keeping our facades intact. By labeling the mountain-body and the child-body with the word “mine” these facts can no longer be ignored.
Of that mountain now only remains a hollowed shell. I hope to prevent humans from such un-souling. a reclaiming of the body can take place, and ownership can be transferred back to whom it rightly belongs If The word “mine” is self-proclaimed. in this instance, sovereignty is restored and can no longer be taken away. Not without blunt infringement, violation and betrayal. Something the mountain knows too well.
ThIs leads to the last bilingual word-play embedded in the type-setting of the title of this work. I am a so-called “MINEIRA” - someone from Minas Gerais. I tell it to anyone who cares to listen. And I have photographic proof of all stereotypical roles I’ve carried as such. But this romantic view of my origins. This idealized upbringing In a society ingrained In the mining culture means only one thing: I am a witness and an accomplice to multiple environmental crimes.
As the mountain watched over me, I watched as the mountain (and the other mountain, and another mountain…) was bluntly infringed, violated and betrayed.
“Mine_ira” can now only be written with a hyphen. Not as mere finger-pointing full of rage (ira) against the mine and the men behind it, but as self-responsibility for my own silence and inertia - as “mea-culpa. By relinquishing victimhood and accepting my role as participator and spectator I am now in a position to unleash “mine-rage” and call for the well overdue and deserved criminalization of the mining industry.
You are criminals. We all are.
MINE_IRA
Usando arquivos de família e imagens da minha própria infância, eu comecei a brincar com significados bilinguês. A palavra “Mine” - quando traduzida do inglês para português torna-se o pronome “Meu/minha”, e ao mesmo tempo, o substantivo “Mina”. Mas estas duas palavras rapidamente se traduziram num mesmo significado: aquilo que é tirado sem permissão.
Uma vez definido como “Mina”, o terreno torna-se desecrado e explorado. Não há melhor simbolismo para tais atos do que a “Serra do Curral Del Rey” - uma montanha no estado de Minas Gerais que congregava e getilmente abraçava minha existência e dos residentes da cidade de Belo Horizonte onde cresci.
Sobre a fotografia eu tracei a montanha que existia em minhas memórias. como me lembrava da serra do curral com meu olhar de criança. A montanha estava aos meus pés quando posicionada à minha frente; Acima da minha cabeça quando se encontrava às minhas costas, e às vezes ao meu lado, e tão próxima, que acreditava poder tocá-la.
Neste trabalho, o traçado da serra se torna um processo de revelação - de negativo para positivo. os segredos ocultos da montanha e aqueles em meu próprio corpo sendo aos poucos revelados - ambas estávamos sendo continuamente corrompidas e roubadas. Nós duas fomos repetidamente abusadas. A montanha estava sendo cavada pelo substantivo “Mina/MINE; e minha inocência transformada por um pronome. “Você é minha”, disse um adulto para uma criança, Não em palavras mas em atos. Pouco a pouco ambas sofremos devastação e perda enquanto mantínhamos nossas façadas intactas. Ao rotular o corpo-montanha e o corpo-criança com a palavra “Mina/Minha/Meu” tais fatos não mais podem ser ignorados.
Da montanha agora somente resta uma casca. Eu espero prevenir que corpos humanos sofram o mesmo fim. É possivel Clamar a posse de teu próprio corpo. A repatriaçāo pode ocorrer aos devidos donos. Mas é necessário que o pronome Minha/Meu/Mine seja proclamado pelo próprio indivíduo. neste caso, a soberania é restaurada e nāo mais pode ser tirada. Nāo sem uma escancarada infraçāo, violência e traiçāo. Isto a montanha sabe bem.
Finalmente a brincadeira bilíngue continua na tipografia do título deste trabalho. Eu sou conhecida como uma “mineira”- vinda de Minas Gerais. Eu declaro isto a qualquer um que esteja disposto a escutar. Eu tenho prova fotográfica De todos os estereótipos de que Participei exercendo tal papel. Mas esta visão romȃntica da minha infȃncia. Essa idealizaçao das minhas origens enraizada em uma cultura mineira tem apenas um significado: eu sou testemunha e cúmplice de múltiplos crimes ambientais.
Enquanto a montanha olhava por mim, eu olhava a montanha (e a outra montanha, e mais uma, e mais outra…) sendo infringida, violada e traída.
A palavra Mine_ira agora só poderá ser escrita desta maneira - com um hífen. Não como uma mera forma de apontar dedos cheios de ira contra a Mina e os homens por trás dela, mas direcionados para meu próprio silêncio e mInha inércia - como “mea culpa”, minha própria culpa. Ao largar meu papel de vítima e admitir minha participação como expectadora de um crime, eu posso então deslanchar minha ira e clamar pela mais que atrasada e merecida criminalização da indústria mineradora.
Vocês são criminosos. Todos nós somos.
~ Para Cláudia Franco Souza
MINE_IRA was included in the Festival de Fotografia de Tiradentes in Brazil in both it’s 10th and 11th editions. The curatorial team was composed of Anna Karina Bartolomeu, Gabriela Sá e Madu Dorella. They selected 42 photographers to be part of the exhibition Traços do Singular from over of 649 submissions. 11th edition is taking place in Tiradente, Minas Gerais in March 2022.
MINE_IRA was one of the winners at 2019 Latin American Fotografia. Thanks again to @latinamericanfotografia competition jury:
Leslie dela Vega @leslie.delavega Director of Visuals, OZY MEDIA / USA; Verónica Sanchis @veronicasanchis Photo editor, Founder, @fotofeminas / VENEZUELA / HONG KONG; Ana Casas Broda @anacasasbroda Artist, Photoeditor INFRAMUNDO, co-director Hydra + Fotografía / SPAIN / MÉXICO; Alfredo de Stéfano, @alfredo_de_stefano_art Photographer, Visual Artist, Cultural Manager, Luz del Norte Fotografía / MÉXICO; Daniel Brena @danielbrena Director, Centro de las Artes de San Agustín / MÉXICO.
MINE_IRA was featured at Der Greif, in Germany,
and received a special mention at the Italian publication URBANAUTICA.
The independent Italian publication LANDSCAPE STORIES dedicated their latest issue #30 to archives and also featured MINE_IRA on their blog.